Pular para o conteúdo principal

PERISCÓPIO DO PLANALTO: O JUIZ BANDIDO E OS BANDIDOS QUE O APOIARAM

Decisão histórica do STF põe fim ao Tribunal de Inquisição de Curitiba e resgata imagem do Judiciário

 

Anos depois da ópera bufa apoiada por “bandidos de bem” e “pais de família patriotas”, a Lata de Lixo da História começa a recolher seus novos inquilinos

 



Moro e Bolsonaro, sorridentes durante a posse em janeiro de 2019: lamento informar mas.... ri melhor – muito melhor – quem ri por último

  

Primeiro de novembro de 2018. Eu fazia 48 anos e na data ocupava-me da única coisa que sei fazer: escrever. Isolado e criticado por toda sorte de “familiares”, “amigos”, “conhecidos” e “colegas de trabalho”, este escriba que já nasceu teimoso e nunca temeu rastros de onça nem rugidos de covardes, se posicionava contra a desfaçatez da escolha de Sérgio Moro , o paladino dos cretinos moralistas, para o Ministério da Justiça. O juiz bandido, associado aos seus parceiros do crime da “República de Curitiba” (mas pode me chamar de Tribunal de Inquisição) – entre eles, outro sebastianista cara-de-pau, Deltan Dalagnoll – havia montado uma farsa de proporções dantescas que arrancou Lula da disputa presidencial e abriu caminho para a vitória de um tal Jair Messias Bolsonaro, também conhecido nos atuais dias de morte e desespero como “empilhador de cadáveres”. Dizia eu, naquela infame oportunidade, abre aspas: “não é lindo isso? Sérgio Moro, o Paladino da Moralidade e “herói” nacional da Lava-Jato, não esperou sequer o defunto esfriar. Na mesma semana em que o Capitão venceu as eleições, Moro, o “imparcial”, voou para o Rio para se encontrar com seu, desde já, novo chefe. O mesmo que há poucos dias afirmou que o ex-presidente condenado por seu agora ministro deve “apodrecer” na cadeia. Nessa vida de aparências avalizada por 57 milhões de brasileiros, as coisas costumam se encaixar com uma velocidade impressionante. Doutor Moro, o ministro, tem uma forma curiosa de praticar o distanciamento. Nas semanas decisivas do pleito que ungiu seu chefe ao cargo máximo da nação, achou por bem – só por bem, é claro  – abrir o sigilo de parte da delação de Antonio Pallocci, o ex-ministro da Fazenda  de Lula que está vomitando cobras e lagartos em busca da liberdade. É claro que Doutor Moro, o ministro, fez isso sem o menor interesse. Doutor Moro é , sobretudo, um cabra rápido no gatilho. Mandou prender Lula quarenta minutos depois da condenação do ex-presidente em segunda instância e aceitou o cargo de ministro do Capitão quatro dias depois da vitória do “Mito”. Coisa pouca. Nada que possa assustar quem, de forma diligente, decidiu, aos milhões, deixar de pensar”. Fecha aspas e corta para o presente. Hoje, 24 de março de 2021. Dois anos e quatro meses depois daquela ópera-bufa apoiada por “bandidos de bem” e “pais de família patriotas”, a Lata de Lixo da  História começa a recolher seus novos  inquilinos. Em decisão histórica,  o Supremo Tribunal Federal  reconheceu ontem que Moro foi parcial como julgador do ex-presidente Lula na ação vergonhosa e fabricada do “Caso do Tríplex”  do Guarujá. A sentença do juiz bandido foi completamente anulada. Por conta da injustiça, agora reconhecida, o ex-presidente ficou 580 dias presos sem ter culpa. Uma excrecência que envergonhou o estado democrático de direito mas que, na época foi apoiada sem a menor cerimônia por canalhas filisteus que facilmente encontramos no almoço de domingo com a família, nas baias dos escritórios de trabalho , em reuniões corporativas cínicas, em rodinhas de churrasco e, é claro, na terra arrasada das redes sociais e seus imbecis orgulhosos. Ficar do lado certo da história, desde o primeiro momento, é um exercício de solidão que pratico com prazer. Pouco me importa o que vão achar ou deixar de achar irmãos, parentes, primos, amigos, contratantes e toda sorte de cafajestes que, desonestos intelectuais que são, aplaudiram uma perseguição judicial imunda, na mais flagrante prática de “Lawfare” (a mesma, diga-se de passagem, que vem ocorrendo de forma explícita no cenário político de minha terra natal e que venho denunciando a plenos pulmões) para arrancar da disputa eleitoral um candidato que estava com a vitória nas mãos. Como dito pelo ministro Gilmar Mendes em uma das melhores sustentações orais da história da Suprema Corte, “não se combate o crime cometendo crimes”, como fizeram Moro,  Dalagnoll e companhia limitada. Em países civilizados, o judiciário não pode ser uma polícia política, destinada a tramar contra aqueles que não fazem parte de seu espectro ideológico. O Brasil é um estado democrático de direito e não um regime totalitário, uma Rússia de Stalin ou uma Romênia de Ceausescu, como desejam ardentemente os fanáticos do bolsonarismo, que clamam – pasme – pela “volta dos militares”  e pelo “fechamento do Supremo”. São reacionários estúpidos, canalhas devotos que mal sabem enumerar quem foram os presidentes militares do Brasil e tão pouco conhecem a história da Ditadura no país. Talvez, se encontrassem tempo entre uma fake news e outra, poderiam quem sabe, ler os cinco volumes da monumental obra de Elio Gaspari sobre a Ditadura: “A Ditadura Envergonhada”, “A Ditadura Escancarada”, “A Ditadura Derrotada”, “A Ditadura Encurrulada”, “A Ditadura Acabada”. Como os idiotas de Nelson Rodrigues, os toscos cretinos do bolsonarismo  perderam a modéstia e inundaram as redes sociais com suas “convicções” de quartel. Se vale o conselho, talvez devessem prestar mais atenção à enorme circunferência e profundidade da   Lata de Lixo da História . Nela, cabem com folga juízes bandidos, bandidos “de bem” , pais de família “patriotas” e ainda há espaço folgado para aquele irmão estúpido que adora falar merda como se estivesse recitando Os Lusíadas, de Camões.

 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PERISCÓPIO DO PLANALTO: GUARDIÃO DA CONSTITUIÇÃO, SUPREMO MOSTRA O LUGAR DOS VALENTÕES DO BOLSONARISMO

Ao decretar a prisão de um dos mais conhecidos “maçarandubas” da extrema-direita brasileira por ataques criminosos à Suprema Corte, ministro Alexandre de Moraes prova que a Democracia ainda pulsa num país tomado por radicais Plenário da Câmara, sequestrado pelo Centrão comprado por Bolsonaro, vai definir se referenda ou não a prisão do deputado Daniel Silveira. Da votação, serão conhecidos os patifes e os democratas O Valentão de Petrópolis (enquanto era levado ontem pela Polícia Federal) que está aprendendo que em um estado democrático de direito, as instituições precisam ser respeitadas Nada como uma decisão rigorosamente perfeita para provar que a democracia ainda pulsa num país tomado por radicais. Ao decretar a prisão de um dos mais conhecidos “maçarandubas” da extrema-direita brasileira por ataques criminosos à Suprema Corte, o ministro Alexandre de Moraes fez o que se espera de um guardião da Constituição em defesa do Estado Democrático de Direito. O deputado Daniel Silveira, ...

CRÔNICAS DE ONDE EU VIM: “PRECISAMOS ATINGIR O JOSÉ EDUARDO NA CABEÇA”

  A tara justiceira dos golpistas e o "desfile militar "do GAECO só conseguiram, até agora, mostrar o quanto o filho de Seu Adnaer e Dona Edna é importante para a cidade Hemingway, fazendo o que poucos conseguem: emprestar beleza      às tragédias humanas   “Quando as pessoas trazem tanta coragem a este mundo, o mundo tem de matá-las para vergá-las e, por isso, as mata. O mundo verga a todos e muitos, depois disso, tornam-se vergados. Mas aos que não verga, ele  mata. Mata os muito bons, os muito nobres e os muito bravos, imparcialmente”. Um dos meus autores preferidos, Ernest Hemingway sabia como poucos dissecar, em textos de trágica beleza, como as coisas funcionam na vida. Como o mundo é.  Sim, a tara justiceira dos golpistas guairenses e o desfile militar do GAECO ( ocorrido há quase três meses sem que nenhuma denúncia formal – pasme – tenha sido concluída até o exato momento em que escrevo este artigo) só conseguiram, até agora, mostrar ...

JAIR E AS DIFERENÇAS QUE O SEPARAM DO JOIO

Filho do vice-presidente triplica salário ao ser nomeado assessor especial da presidência  do BB.  É trigo puro J air sempre foi um visionário. Mais do que isso, sempre foi um oráculo  que circulava, injustiçado pela indiferença dos do sempre, em meio à invisibilidade do baixo clero da Câmara dos Comuns. “Eu sou diferente...um dia vocês vão ver!” Estamos vendo, presidente. Estamos vendo.  O trigo precisa de reconhecimento. Não é justo misturá-lo no mesmo saco do joio. É por isso e só por isso, que exemplos como a nomeação do filho do General Mourão, vice-presidente da República, para assessor especial da presidência do Banco do Brasil, causam tanto orgulho à causa da diferença. Antonio Rossell Mourão. Este é nome. Filho de Mourão Pai, ele agora vai ganhar três vezes mais  - algo em torno de R$ 36 mil  - como funcionário do BB que, “pirlimpimpim” , foi escolhido a dedo pelo novo presidente da instituição , para saltar do andar ...