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CRÔNICAS DE ONDE EU VIM: NINGUÉM INTERPRETA JOSÉ EDUARDO MELHOR DO QUE ELE MESMO


 

Vídeo divulgado pelo prefeito reeleito depois de noventa dias de silêncio mostra um homem de fé inabalável, sem mágoas,  defensor da ciência, tocado pela dor de conterrâneos, independente financeiramente e pronto para voltar sem precisar dizer isso



O céu aberto da gravação parecia proteger suas palavras com o manto da fé inabalável que o prefeito reeleito tem e  a lavoura perto da colheita ao fundo parecia confirmar, a todo momento, que ele jamais precisou de recursos públicos para levar a vida que escolheu como produtor rural

 

Coloque-se no lugar do filho de Dona Edna e Seu Adnaer. A essa altura da cordilheira de injustiças que sofreu, o prefeito reeleito de Guaíra (SP), terra de onde eu vim;  José Eduardo Coscrato Lelis, tinha tudo para estar de mal com a vida, rancoroso e vingativo.  Só que não. Em seu primeiro vídeo de 2021 José Eduardo quebrou um silêncio monástico de noventa dias para fazer o que ele sabe melhor: ser José Eduardo. O vídeo, divulgado nas redes sociais do prefeito reeleito, explodiu em visualizações, compartilhamentos e comentários; é a “prova material” da importância que José Eduardo tem para os guairenses, para o município e a pacificação da sociedade local. José Eduardo poderia e até mesmo deveria falar sobre política local, mas preferiu dirigir-se aos cidadãos de sua terra como uma liderança aglutinadora, sensível à dor das famílias que perderam recentemente entes queridos para a Covid e outras enfermidades. Fez mais do que isso. Pontuou detalhes sobre a vida de cada um dos que se foram que só um guairense forjado em berço amoroso poderia fazer. José Eduardo tem sim o condão de tocar o coração das pessoas. E o faz com uma naturalidade incomum aos políticos. Talvez e verdadeiramente porque não seja um deles. Equilibrado, mostrou-se um gestor preocupado com a vida e  com a economia, de forma responsável; uma de suas marcas registradas.  




O céu aberto da gravação parecia proteger suas palavras com o manto da fé inabalável que o prefeito reeleito tem e  a lavoura perto da colheita ao fundo parecia confirmar, a todo momento, que ele jamais precisou de recursos públicos para levar a vida que escolheu como produtor rural. Arrisco-me a dizer que o golpismo de seus opositores, que resultou primeiro na tentativa de tirá-lo da disputa municipal e , na sequência, evitar sua posse – dois fracassos retumbantes dos maus perdedores – foi, em certa medida, “bom “ para José Eduardo. O  afastamento flagrantemente arbitrário das funções públicas acabou funcionando como um freio de arrumação  para a vida pessoal e empresarial de José Eduardo. Foi quase uma licença-prêmio.  A coluna apurou que o vídeo foi gravado na tarde do último sábado, em Minas Gerais, um dos três estados onde José Eduardo mantém áreas produtivas (os outros são São Paulo e Tocantins). Se dependesse financeiramente  do poder público, como a imensa maioria de seus adversários, José Eduardo estaria angustiado, aflito...Não é o caso. O luxo de não precisar o torna único. A independência intelectual, política, moral e financeira de José Eduardo – tantas vezes cantada, com orgulho,  por ele mesmo -  sustenta sua serenidade. A cena política guairense não possui, atualmente, ninguém – vou repetir, ninguém – com estes predicados.  Nesse contexto, há outra questão fundamental a ser colocada. José Eduardo já foi reeleito. Já entrou para a história e, dentro dos limites guairenses, não concorrerá a mais nenhum cargo. É uma situação nova se enxergarmos a história local em perspectiva. Nos últimos 25 anos, o vai e vem de prefeitos tentando a reeleição sempre os colocava como  reféns  de suas ambições. Se, já no primeiro mandato, José Eduardo quebrou costumes e enfrentou resistências históricas para modernizar a máquina pública,  imagine agora, no segundo, durante o qual não precisa dar satisfação sequer aos próprios desejos de sucesso eleitoral, já que eles já foram atendidos. Assim que retomar suas funções públicas José Eduardo fará, como nunca, as coisas do seu jeito, assegurando um legado histórico para chegar, a 2024 , como um cabo eleitoral de ouro,  disputado a tapa. Nessa situação, poderá se dar ao luxo de escolher a dedo quem apoiar ou mesmo, manter-se irresistivelmente neutro, caso considere que os postulantes não estão à altura de sua reputação. Como se vê e se percebe, José Eduardo está pronto para voltar. E nem sequer precisa dizer isso.

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