A tara justiceira dos golpistas e o "desfile militar "do GAECO só conseguiram, até agora, mostrar o quanto o filho de Seu Adnaer e Dona Edna é importante para a cidade
Hemingway, fazendo o que poucos conseguem: emprestar beleza às tragédias humanas
“Quando as pessoas trazem tanta coragem a este mundo, o mundo tem de matá-las para vergá-las e, por isso, as mata. O mundo verga a todos e muitos, depois disso, tornam-se vergados. Mas aos que não verga, ele mata. Mata os muito bons, os muito nobres e os muito bravos, imparcialmente”. Um dos meus autores preferidos, Ernest Hemingway sabia como poucos dissecar, em textos de trágica beleza, como as coisas funcionam na vida. Como o mundo é. Sim, a tara justiceira dos golpistas guairenses e o desfile militar do GAECO ( ocorrido há quase três meses sem que nenhuma denúncia formal – pasme – tenha sido concluída até o exato momento em que escrevo este artigo) só conseguiram, até agora, mostrar o quanto o filho de Seu Adnaer e Dona Edna é importante para a cidade. Ainda que em polos políticos diametralmente opostos, José Eduardo vive a curiosa situação de estar experimentando, na pele, algo parecido com o que o ex-presidente Lula enfrenta desde que o sebastianismo bandido da Lava-Jato decidiu, com apoio cretino de parte da imprensa e da elite quatrocentona nacional, tirá-lo do jogo. Diálogos de procuradores da “República de Curitiba” recentemente vazados no âmbito da Operação “Spoofing” da Polícia Federal, mostram o nível pantanoso da parcialidade dos acusadores. No dia 5 de março de 2016, em uma troca de mensagens entre membros da operação Lava Jato, uma procuradora da República sugere, tão “inocente” quanto seus pares: “precisamos atingir Lula na cabeça (prioridade número 1)”. Chega a ser inacreditável a volúpia justiceira dos “heróis curitibanos” para arrancar o ex-presidente da disputa política, abrindo caminho para a vitória de Bolsonaro e para a nomeação de Sérgio Moro como Ministro da Justiça. Não se tem, por óbvio, uma gravação parecida no caso de José Eduardo, mas dá para ouví-la. “Precisamos atingir o José Eduardo na cabeça”. Este foi o desejo inegável de todos os seus adversários nas eleições municipais de 2020. Era preciso evitar, a qualquer custo e a qualquer preço, sua histórica reeleição. Não conseguiram. Mesmo diante da pressão de denúncias surreais fabricadas em escritórios de advocacia, José Eduardo foi reeleito com quase 60% dos votos. Inconformados com o fracasso do Golpe; os perdedores encontraram uma forma de tentar mais um. Foi o Golpe dentro do Golpe. Veio então o “Desfile Militar” do GAECO na cidade – com direito a fuzis apontados para “perigosos” Tiktokers que acabavam de acordar - feito na medida para impressionar incautos e garantir verniz institucional à uma operação urdida entre a penúltima colocada nas eleições, um de seus seguranças de campanha, amigos advogados e amigos destes no Ministério Público Estadual. Tudo com apoio cretino e indisfarçável dos outros candidatos, também derrotados. É Hemingway puro: “quando as pessoas trazem tanta coragem a este mundo, o mundo tem de matá-las para vergá-las e, por isso, as mata”. De lá para cá , os derrotados alimentam, como abutres, a fantasia de que ainda têm alguma chance de chegar ao poder no tapetão. “Já que não conseguimos derrotar José Eduardo nas urnas, precisamos atingí-lo na cabeça”. É Hemingway absoluto: “O mundo verga a todos e muitos, depois disso, tornam-se vergados”. Ato contínuo, abastecidas por financiadores de campanha recentemente revelados, hordas de ignorantes e homicidas da língua portuguesa mantêm,nas redes sociais, uma narrativa golpista nascida para dar errado. É Hemingway em sua mais pura forma: “Mas aos que não verga, ele mata. Mata os muito bons, os muito nobres e os muito bravos, imparcialmente”.

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