O pior é saber que ao redor do maldito, tudo é beira Buracos são o que são. Buracos. Simplesmente buracos. Nenhum esforço semântico ou discurso fanático são capazes de livrá-los da tragédia de sua existência. Buracos têm vida longa. Eles se acreditam, em um exercício esquizofrênico de autoengano, especiais, únicos; até mesmo dignos da atenção de outrem. São tragicômicos. Ridículos em sua autossuficiência. No Buraco, até os cornos são mais infelizes. A fofocas de padaria os assombram. Afinal, no Buraco, todo mundo cuida da vida de todo mundo. Imagine o Alce entrando domingo de manhâ na padaria do “centro” sob os olhares inquisidores dos “puros” que o cercam. Inevitável não rememorar o mestre Nelson Rodrigues, fazendo minhas as suas palavras para explicar como a vida em um Buraco pode ser uma tragédia. Dizia Nelson: “e o homem de bem, por sua vez, é um cadáver mal informado – não sabe que morreu. E não é só isso. Além disso, tudo passa, menos a adú...
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